Leia a matéria de Suetoni Souto Maior:
O presidente Lula terá uma conversa reservada — e estratégica — nesta quarta-feira à noite com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e líderes partidários. O encontro, que acontece na residência oficial da Câmara, não tem pauta pública, mas um tema domina os bastidores: o projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
A reunião repete o gesto feito no início do mês com o Senado, quando Lula jantou com Davi Alcolumbre (União-AP) e outros líderes no endereço oficial da outra Casa. A ideia segue a lógica do “café com leite quente”: aproximação política para evitar que a fervura escale.
Hugo Motta vem conduzindo as costuras com o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar achar uma saída que despressurize o Congresso. E o assunto ganhou urgência após o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, protocolar um pedido formal para apressar a votação da anistia.
O partido conseguiu 262 assinaturas válidas — cinco a mais do que o mínimo necessário. Com isso, jogou a batata quente no colo de Motta e dos líderes, que agora decidem se pautam ou não o requerimento. O salvo conduto para o político paraibano é que há mais de mil pedidos de urgência tramitando na Câmara. E isso servirá, de certa forma, como escudo contra as cobranças.
Nos bastidores do Judiciário, ministros do STF ligaram diretamente para Hugo Motta na semana passada, enquanto ele ainda curtia férias fora do país. A preocupação dos magistrados: o eventual enfraquecimento das punições aplicadas aos golpistas. De volta ao Brasil, Motta foi homenageado em Minas e falou como quem não quer polêmica:”O Brasil tem muitos desafios. Precisamos focar no que representa avanço: saúde, educação, segurança”, disse.
A reunião desta noite, portanto, será o momento para que o próprio Lula tente reverter o que seus ministros não conseguiram: o avanço da matéria inclusive na base governista. Entre os personagens que poderão ser anistiados estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu por acusação de liderar a tentativa de golpe, e os responsáveis pelo plano que teria como objetivo matar o atual presidente.
Com informações de Suetoni Souto Maior
