Leia a matéria do Movimento Econômico:
A Shopee anunciou nesta quarta-feira (21) que o seu primeiro Centro de Distribuição (CD) com modelo fulfillment no Nordeste irá funcionar em Pernambuco. Localizada em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), a unidade é a 13ª da empresa no Brasil e a primeira a operar nesse formato na região, no qual a plataforma se responsabiliza diretamente pelo armazenamento, separação e entrega dos produtos vendidos pelos lojistas parceiros.
Segundo a Shopee, o novo centro deve gerar até mil empregos diretos e indiretos até o final de 2025, ampliando a capacidade logística da empresa na região. A empresa já possuía um Centro de Distribuição na RMR, na cidade de Cabo de Santo Agostinho, inaugurada em maio de 2023. O modelo fulfillment é considerado estratégico para a Shopee, pois reduz prazos de entrega, melhora o atendimento ao consumidor e oferece aos vendedores soluções logísticas completas.
O que é o modelo fulfillment
O sistema fulfillment é um modelo logístico no qual a plataforma de e-commerce centraliza todas as etapas do processo de entrega. Isso inclui o recebimento de mercadorias dos vendedores, armazenamento em centros de distribuição, separação dos pedidos, embalagem e envio ao cliente final.
No caso da Shopee, a adoção deste modelo visa agilizar prazos, aumentar a eficiência operacional e proporcionar aos vendedores menores custos logísticos, uma vez que eles não precisam manter estrutura própria de estoque e distribuição. Para o consumidor, o fulfillment resulta em entregas mais rápidas e maior previsibilidade nos prazos.
Estrutura logística da Shopee no Brasil
Atualmente, a Shopee conta com 13 centros de distribuição no país, sendo 11 operando no modelo cross-docking e dois no modelo fulfillment. Além disso, a empresa mantém mais de 150 hubs de primeira e de última milha em operação no Brasil. A jornada física de um pedido na plataforma começa com a preparação da mercadoria pelo vendedor após a confirmação da compra.
Os produtos são coletados nos espaços dos vendedores por veículos da primeira milha ou são levados pelos lojistas aos pontos de coleta, as Agências Shopee — atualmente, a empresa possui mais de 2.500 unidades neste modelo. Em seguida, os pedidos são encaminhados aos centros de distribuição, onde são separados e enviados para os hubs de última milha, responsáveis pela roteirização e expedição das mercadorias. Por fim, mais de 30 mil motoristas parceiros realizam as entregas aos consumidores.
Redução no tempo de entrega
De acordo com Felipe Lima, líder de desenvolvimento de negócios da Shopee, em entrevista ao programa CNN Money, a escolha de Recife para o novo centro de distribuição se deve à importância estratégica do Nordeste para a empresa.
“Nós temos um share bastante relevante de consumidores que estão na região do Nordeste e o modelo de fulfillment traz ainda mais melhorias na experiência e no tempo de entrega para o nosso consumidor. Está bastante alinhado com a nossa estratégia de seguir oferecendo uma experiência cada vez melhor para nossos vendedores e compradores e também de expandir nossa presença logística pelo país”, afirmou.
Felipe Lima destacou ainda que boa parte dos produtos vendidos para o Nordeste vêm do Sudeste, o que implica dias adicionais de transporte. Com o centro de distribuição fulfillment em Recife, o produto já estará na região, permitindo uma redução bastante significativa nos prazos de entrega. “Nós já vimos uma redução aqui para São Paulo de mais de 30%. A redução deve ser ainda maior para os pedidos realizados no Nordeste”, explicou.
Operação com vendedores brasileiros
O executivo reforçou que a operação da Shopee no Brasil é majoritariamente nacional, com mais de 90% das vendas oriundas de vendedores brasileiros. “A maior parte, inclusive, segundo levantamentos recentes, também são produtos fabricados no Brasil. Já são mais de 3 milhões de vendedores brasileiros registrados na nossa plataforma”, afirmou. Segundo ele, os planos para 2025 seguem na linha de expandir ainda mais a malha logística da empresa e de impulsionar o empreendedorismo digital no país.
Com o novo centro, a Shopee reforça sua aposta no crescimento do e-commerce no Nordeste. De acordo com dados da empresa, a região já representa mais de 30% dos vendedores brasileiros cadastrados na plataforma. A instalação no Recife foi escolhida pela posição estratégica da cidade, com fácil acesso a outros estados nordestinos e ao Porto de Suape, um dos principais hubs logísticos do Brasil.
Nordeste pode se consolidar como nova rota comercial com a China
Além do investimento no centro de distribuição, o Nordeste desponta como possível nova rota comercial entre o Brasil e a China. A recente implantação de uma rota marítima direta entre portos nordestinos, como Suape (PE) e Pecém (CE), e portos chineses é apontada por especialistas como um fator que pode transformar a dinâmica logística e comercial da região.
Empresas como Shopee e Shein, que dependem fortemente de importações asiáticas, podem se beneficiar da nova rota, reduzindo custos e tempo de transporte. A possibilidade de consolidação dessa ligação marítima fortalece a posição do Nordeste como alternativa aos tradicionais corredores logísticos do Sudeste e do Sul do país.
Segundo o Conselho Nacional de Logística (CNL), o potencial logístico do Nordeste pode impulsionar a redução em até 20% no tempo médio de importação de produtos da Ásia, favorecendo o crescimento do comércio eletrônico e a instalação de novos centros de distribuição.
Mercado e produção no estado e na região Nordeste
Em Pernambuco, o setor de comércio eletrônico tem registrado expansão significativa, impulsionado pelo aumento do consumo online e pela infraestrutura portuária. De acordo com a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), o estado movimentou cerca de R$ 5 bilhões em vendas online em 2024, um crescimento de 18% em relação ao ano anterior.
No contexto nordestino, segundo a Câmara Brasileira da Economia Digital (camara-e.net), o faturamento do e-commerce alcançou aproximadamente R$ 30 bilhões em 2024, com destaque para os estados de Bahia, Pernambuco e Ceará, responsáveis por mais de 60% desse volume. A instalação de centros de distribuição na região reforça a tendência de descentralização logística e aproximação dos polos de consumo.
Com informações do Movimento Econômico